Wednesday, August 15, 2007

halem-huxley

lá no blog ração (razão) das letras, o halem publicou duas resenhas imperdíveis de duas obras do aldous huxley: contraponto e admirável mundo novo. segue aí uma palhinha. mais abaixo estão os links para os textos.

"Contraponto está saturado de gente que enriqueceu sem nenhum esforço, herdeiros quase em sua totalidade, mesmo na sempre industriosa Inglaterra. Poucas são as exceções. Uma delas é o biólogo Frank Illidge, partidário do comunismo-leninismo e que a despeito de seu apego ingênuo a uma ideologia também opressora, expõe pontos de vista acres e que, curiosamente, coincidem com os meus. Em determinado momento ele é descrito "como cidadão dotado de consciência de classe, [e por isso] tinha de admitir que a ciência pura, como o bom gosto e o tédio, a perversidade e o amor platônico, é um produto da riqueza e do ócio." Mais à frente, tal ponto de vista é retomado, agora expresso pela própria personagem:

"Esses burgueses vivem a condecorar-se mutuamente por serem tão desinteressados - isto é: por terem bastante para viver sem serem forçados a trabalhar e sem se preocuparem com dinheiro. Depois outra condecoração por poderem permitir-se o luxo de recusar gorjetas. E mais uma por terem dinheiro bastante para comprar todo o aparato da cultura refinada. E ainda outra por terem tempo de consagrar-se à arte, à leitura, à galanteria complicada e prolongada. Por que não têm eles a franqueza de dizer abertamente o que estão constantemente dando a entender - isto é: que a raiz de todas as suas virtudes é um bom emprego de capital, bem seguro, a 5 por cento?"

Illidge, entretanto, teve que botar à prova suas convicções, de uma maneira terrível, e acabou revelando-se tão suscetível quanto os "burgueses" que criticava... Mas há ainda outras personagens das quais não podemos esquecer."

(continua)

leia mais aqui:

outra nina

mas aí o tempo passou e acabou que foi outra nina quem se tornou a nina preferida da joice. por motivos que vão dos gritantes a outros bem menos visíveis a olho nu.
no vídeo, apresentação no harlem festival de 1969. a música é to be young, gifted and black, considerada verdadeiro hino nacional da luta pelos direitos civis dos negros nos estados unidos. é sem dúvida uma das mais tocantes e inspiradas desta cantora, compositora, pianista, ativista, que, cansada e amargurada com o racismo, terminou por renunciar sua terra natal no início do ano seguinte (1970), indo embora dos estados unidos e tornando-se, segundo ela mesma, uma wanderer, ou seja, uma viajante, pessoa que perambula. no início dos anos 1990, nina simone estabeleceu-se no sul da frança, onde permaneceu até o fim, abril de 2003, quando morreu enquanto dormia, aos 70 anos.

estação blues
















hoje, agora, daqui a pouco. às 22 e trinta.
estação blues na rádiocom.
produção e apresentação:
emerson ferreira, luciano teixeira e valder valeirão.

arte da nativu design

Saturday, August 11, 2007

modismos, anos 80, nina hagen e a pérola








dia desses o bandoleiro-mestre saliel entrou numas de falar sobre coisas dos anos 80 e me trouxe uma lembrança boa que andava até meio apagada em algum canto de minha memória sequelada: meu encantamento com nina hagen em 1985. lembro ter ficado como que hipnotizada ao vê-la no rock in rio I pela primeira vez. o que eu gostava nela? poderia dizer que era a voz, o cabelo, a maquiagem.. mas não. era o todo. eu achava ela toda linda, perfeita. como eu quis ser nina hagen aos 11 anos!

e agora o saliel encontrou essa maravilha aqui: nina hagen cantando nada menos que a ária la habanera, da ópera carmen. salve saliel, moço descobridor de pérolas!

ah sim. depois disso tudo, quando vi hoje essa tira do liniers de certa forma fez tanto sentido...

outra coisa














foi uma semana silenciosamente estranha.

e neste meio tempo rolou uma coisa tão boa na minha vida profissional. tão boa, mas tão boa que nem cabe em mim tanto contentamento. e acabo derramando um pouquinho aqui.

pê ésse: essa pessoa feliz aí da foto é a meg, mais conhecida como megonha, a bela destruidora de pantufas que adora ser fotografada.

duas coisas, uma coisa

Monday, August 06, 2007

hard time focusing









what the duck, do aaron johnson.
mais uma dica bacana do ulysses do esquerda festiva.

helô, 46 anos-luz-e-som

















nasceu mulher, negra e pobre.
mais tarde os relacionamentos homossexuais
apenas confirmaram-lhe o destino.
então seu nome era estigma.
só depois de olhar bem pra isso tudo
..e dizer: e daí?
é que seu nome de fato
passou a ser helô.
helô entende quase tudo o que digo.
e o que não entende, ela aceita
mesmo assim. guarda com todo
cuidado, pra entender mais tarde.
helô tem um olhar,
uma percepção rara
sobre as coisas da vida.
aí ela vem aqui e,
paciente,
me explica tudo o que não sei
sobre a vida.
e sobre quem sou.
meio que assombrada, eu penso..
essa pessoa existe mesmo?
com aquela antipatia toda,
no início eu estranhava
helô ter tantos amigos.
mas era só ignorância
e pequenez minha.
só mais tarde fui compreender..
é que o coração de helô não tem limites.
após tantos anos de amizade,
de uma coisa eu sei:
quem olha aquela carinha
zoiúda e desconfiada, naquele
corpo magrinho que passa
apressado de bicicleta,
nem imagina
que ali tem amor
pela humanidade inteira.

Wednesday, August 01, 2007

as grandes questões da humanidade








angeli

o ranço do cansaço















do cau gomes, no blog os amigos do presidente lula.
via blogoleone

marilena chauí e a invenção da crise

marilena chauí, no conversa afiada:

trechos:

"Era o fim da tarde. Estava num hotel-fazenda com meus netos e resolvemos ver jogos do PAN-2007. Liguei a televisão e “caí” num canal que exibia um incêndio de imensas proporções enquanto a voz de um locutor dizia: “o governo matou 200 pessoas!”. Fiquei estarrecida e minha primeira reação foi típica de sul-americana dos anos 1960: “Meu Deus! É como o La Moneda e Allende! Lula deve estar cercado no Palácio do Planalto, há um golpe de Estado e já houve 200 mortes! Que vamos fazer?”. Mas enquanto meu pensamento tomava essa direção, a imagem na tela mudou. Apareceu um locutor que bradava: “Mais um crime do apagão aéreo! O avião da TAM não tinha condições para pousar em Congonhas porque a pista não está pronta e porque não há espaço para manobra! Mais um crime do governo!”. Só então compreendi que se tratava de um acidente aéreo e que o locutor responsabilizava o governo pelo acontecimento."

"Mas de todo o aparato espetacular de exploração da tragédia e de absoluto silêncio sobre a empresa aérea, que conta em seu passivo com mais de 10 acidentes entre 1996 e 2007 (incluindo o que matou o próprio dono da empresa!), o que me deixou paralisada foi o instante inicial do “noticiário”, quando vi a primeira imagem e ouvi a primeira fala, isto é, a presença da guerra civil e do golpe de Estado. A desaparição da imagem do incêndio e a mudança das falas nos dias seguintes não alteraram minha primeira impressão: a grande mídia foi montando, primeiro, um cenário de guerra e, depois, de golpe de Estado. E, em certos casos, a atitude chega ao ridículo, estabelecendo relações entre o acidente da TAM, o governo Lula, Marx, Lênin e Stálin, mais o Muro de Berlim!!!"

nem preciso dizer que vale a pena ir lá e ler tudo.

via blogoleone

eu

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada… a dolorida…

Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!…

Sou aquela que passa e ninguém vê…
Sou a que chamam triste sem o ser…
Sou a que chora sem saber porque…

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo p’ra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!

Florbela Espanca

fotossíntese














pegando um solzinho, na tarde gelada de sábado.