Monday, January 28, 2008
lindamente
do ração (razão) das letras:
(...)
E, conclui lindamente:
"Cada leitor procura algo no poema. E não é insólito que o encontre: já o trazia dentro de si."
halem, citando octávio paz.
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Labels: ração das letras
lfv, a entrevista
à exceção de algumas perguntas bastante infelizes quase no estilão "qual a sua cor preferida?", está uma delícia a entrevista do luis fernando veríssimo para a revista caros amigos. futebol, política, esquerda, literatura e fazer literário são os temas que marcam a entrevista feita por e-mail, uma vez que lfv é sabidamente pessoa pouco dada a falatórios e rodas jornalísticas. como resultado disso, a entrevista é especial, tem a leveza e o toque de espontaneidade e humor de qualquer texto do lfv, só que elaborado a partir de questionamentos. o site da revista traz um fragmento da entrevista. aí abaixo, mais alguns:
você compartilha da opinião quase unânime de que o presidente Lula é analfabeto e precisa ler?
- olha, com algumas exceções, como o Costa e Silva, que confundia latrocínio com laticínio, fomos sempre governados por homens letrados, muitos deles intelectuais de nome, que conseguiram construir o país mais desigual e injusto do mundo sem cometer um erro de concordância.
(...) o que te deixa encolerizado?
- qualquer forma de hipocrisia, qualquer forma de prepotência e injustiça, qualquer derrota do Internacional.
outros fragmentos:
- um dos meus escritores favoritos é o inglês Evelyn Waugh, que era um esnobe, um reacionário e um carolão, mas tinha a melhor prosa da sua época, o que para mim desculpava tudo. Borges é outro exemplo. se não fosse um conservador, não seria o Borges e perderia a graça.
- a causa pela qual vale a pena lutar é uma idéia de sociedade (...), uma idéia de comunidade e justiça compartilhadas, acima das ambições individuais e da moral do mercado.
- (...) você não precisa simpatizar com o Lula para apreciar que o ódio que ele desperta em parte do nosso patriciado é um bom sinal, de que a novidade está tendo efeito e certos pressupostos antigos sobre quem tem direito ao poder no Brasil já não valem.
- (...) o governo Lula, a mesma coisa, só que nesse caso a gente tende a ser mais a favor do que contra para não engrossar o coro dos reacionários, que já é suficientemente grosso. esse tal de novo populismo na américa do sul é importante menos pelo que é do que pela sua origem, o fracasso de políticas públicas neoliberais recentes em cima de todos os anos de descaso social das elites do continente, que agora têm que enfrentar os Chavez e os Morales e outros monstros que criou. o novo populismo, ou como quer que se chame isso, também tem seu lado animador e seu lado discutível, além do seu lado precário. já a esquerda brasileira continua como sempre foi, dividida.
- a economia, pelo que eu leio e ouço, vai melhor agora do que ia sob um governo abertamente neoliberal, o que leva a concluir que o PT pelo menos está sendo eficiente na sua incoerência. (...)
- esse negócio de que eu falo pouco é um mito, os outros é que falam muito.
Posted by joice at 9:44 am 0 comments
Labels: caros amigos, entrevista, luis fernando veríssimo
Monday, January 14, 2008
mafalda y la democracia
Posted by joice at 12:17 am 4 comments
Labels: democracia, diário gauche, mafalda
Tuesday, January 08, 2008
lost in translation
estou no olho do furacão. é o que respondo, se me perguntam. é a melhor expressão para definir meu momento. estou concluindo a tradução do vigésimo quarto dos trinta capítulos de um livrão. faltam agora pouco mais de 140 páginas e meu prazo é final de janeiro...(!) depois ainda preciso revisar tudo a partir do décimo primeiro capítulo. taí uma coisa que aprendi ao longo deste extenso trabalho, nunca mais deixar tanta coisa para revisar no final. por um lado, é bom, pois a partir de uma leitura posterior, já com algum distanciamento do texto, eliminam-se mais facilmente aqueles vícios das inúmeras leituras. on the other hand, é trabalhoso pra caramba! em função da necessidade de ganhar dinheiro e mostrar trabalho para a editora, é preciso seguir em frente com o texto, sem empacar muito naqueles trechos cabeludos para os quais a consulta a quatro ou cinco dicionários, mais algumas buscas no gúgo, não tenham resultado em uma solução satisfatória. daí a criatura vai deixando duas ou três soluções para um mesmo trecho, ou apenas grifos, que antes faziam todo o sentido do mundo, mas depois complica bastante na hora de retomar todo aquele contexto. por isso é tão importante, ao menos na minha experiência e para o meu jeito de trabalhar, e sobretudo no caso de um livro assim tão extenso, já na elaboração do glossário de tradução, a elaboração também de uma espécie de código de possibilidades, indicações ou qualquer coisa assim. elaborei uma codificação atrasada e bastante improvisada que até ajuda, mas precisa e pode melhorar. isso, aliás, é uma das coisas que mais me fascinam na tradução. a possibilidade de aprender e inventar sempre, sempre, o tempo todo. uma coisa ou outra. de um jeito ou de outro. 2008, até aqui, segue a vidinha. para compensar, depois, em fevereiro... tem que ter mais que carnaval. será?
boa semana aí!
Posted by joice at 8:36 am 6 comments
Labels: cotidiano, lost in translation, tradução, vidinha