Friday, March 30, 2007

picture balata

quando se entrega uma câmera a uma criança qualquer, que tipo de coisa pode-se esperar?

dificilmente ficará muito longe de que ela retrate seus brinquedos, bichos de estimação, sua bicicleta, sua festa de aniversário, seus amiguinhos. no entanto, quer ver o que acontece se esta mesma câmera for entregue a uma criança palestina do campo de refugiados Balata?

dá uma olhada no vídeo aí acima. é o projeto picturebalata.net.

picture balata põe uma câmera nas mãos de crianças nascidas e crescidas sob a ocupação israelense na palestina. os participantes, cujas idades variam entre 11 e 18 anos, retratam a situação em que vivem no campo de refugiados Balata.

traduzido e adaptado do post do Haitham, via Sabbah's Blog:


"when you give a camera to a ‘normal kid’, what photos do you expect to see? usually the child’s toys, favorite pet, the latest gift the child received from mom, his/her bike, maybe some photos from next birthday party.

but what if you gave the same camera to a Palestinian child from Balata refugee camp, what photos do you expect? Here are some"


Tuesday, March 27, 2007

linguagem visual


















encontrei este cartaz num mural nos corredores da ufpr quando estive agora em curitiba. adorei o apêlo visual da imagem do cachorro, impossível não parar para olhar um cartaz com uma imagem destas.

Monday, March 26, 2007

time goes by fast














political cartoons

amigos bons














um pedacinho da noite de sábado, na sheila.

blogolândia, observação participante

isso de escrever um blog é mais ou menos como escrever uma carta e fazer várias cópias. algumas delas são enviadas a recipientes múltiplos, amigos, parentes, conhecidos. as demais a gente abre a janela e as deixa por ali, quem passar e se interessar vai pegando, ou o vento leva e acabam chegando sabe-se-lá-onde.

e tem gente que não se contenta em ver a pilha de cópias da carta diminuir aos poucos. sai pela cidade panfleteando mesmo, tem sede ser lido, uma pressa urgente de espraiar a palavra por aí.

uma coisa que chama a atenção sobre o comportamento na blogolândia, conforme comentei outro dia em discussão sobre o tema lá no flights of pegasus, é que em geral as pessoas que não têm blogs, ao visitar blogs, não deixam ou relutam mais para deixar comentários, preferindo comentar por email, telefone, pessoalmente, ou simplesmente não dizem nada. por que será? imagino que não seja só comigo que isso aconteça.

mas o que ocorre é que daí fico sem ter a menor idéia de quem afinal passa por aqui. olho o relatório semanal lá do saitiômetro e devo ficar com aquela expressão interrogativa de quem nem desconfia do que afinal faz mover o velocímetro por ali.

por outro lado, essa característica acaba fazendo com que aqueles que se lançaram na blogosfera desenvolvam contatos novos e amizades com outros blogueiros e isso têm sido uma experiência interessante, é uma outra forma de explorar novos universos e perspectivas.

toda vez que entro numa biblioteca teimo em ficar impressionada como já se escreveu sobre quase tudo. e da internet e particularmente da blogolândia pode-se dizer a mesma coisa. tem blog pra falar de qualquer tipo de assunto, e por vezes a especificidade de alguns chega mesmo a ser assustadora.

qualquer dia volto ao tema desta espécie de observação participante da blogosfera. hoje foi um dia muito estranho, tão estranho que chego a me sentir à vontade com tanta estranheza. ainda assim, sigo operando em modo de segurança, o meu modo pixie, ou melhor, o modo where is my mind...

Sunday, March 25, 2007

minimalist or whatever

last night i stabbed my chest with the dagger i have carefully prepared for long months. let's see what comes next.


thank you, Fleming. i also like this one best.
if it is supposed to be minimal, i guess some license of english grammar is allowed and ok. well i hope.


in conSert












já consertei os links para download da postagem anterior. gracias, Lucio. pareciam estar funcionando antes, depois deu tilt por alguma força misteriosa, vai saber.

segue aí mais uma, do disco women of africa (2004), um dos meus preferidos do selo putumayo world music e que, me parece, cai bem para uma clássica ressaca de domingo.

kaissa - to ndje

Friday, March 23, 2007

groovin' mood & brazilian music



















ontem o joão veio aqui e fez uma mágica que em poucos minutos trouxe de volta à vida todos os gigabytes supostamente perdidos após um não-sei-o-quê que aconteceu há algumas semanas.

pra festejar, estou compartilhando aqui duas das muitas musiquinhas recuperadas. aliás, esta vontade de compartilhar coisinhas foi um dos principais motivos que me fizeram iniciar o implicante.

a primeira é move your hand, do cd groove experience. primeiro porque é o que estou ouvindo agora e depois porque acho que combina com sexta à noite e com meu humor ao finalizar agora um trabalho em pleno final de sexta.

a outra é música brasileira de primeiríssima - amigos bons, do pernambucano junio barreto. a imagem ali acima é a capa do primeiro cd dele, de 2004 e que de certa forma realmente expressa a originalidade da atmosfera do disco.

Wednesday, March 21, 2007

one million blogs for peace



the idea of the moviment is to sign up, untill 20 march 2008, one million blogs for peace. by signing up, bloggers are stating their agreement with the immediate withdrawal of all foreign combat troops from Iraq.


the moviment has also its own blog - one million of blogs for peace blog.

their website had its start yesterday with 217 Inblogurals, representing 28 countries -so i am a bit late to post about this, sorry! but it still in time to join in. here you can see the blogs rol, at this moment there are 229 blogs already.

um milhão de blogs pela paz - one million blogs for peace



a idéia é unir, entre 20 de março de 2007 e 20 de março de 2008, um milhão de blogs pela paz. aderir ao movimento significa que o blog ou blogueiro em questão concorda e luta pela retirada imediata de toda e qualquer tropa militar estrangeira do Iraque.

o movimento tem também um blog (em inglês) - one million blogs por peace blog.

a página do movimento inaugurou ontem com 217 blogs integrantes, de 28 países diferentes - portanto, estou postando isto com algum atraso, desculpem! mas ainda em tempo. neste momento já são 2009 blogs. pelo que vi, por enquanto só tem mais um blog brasileiro. aqui está a relação dos blogs.

pelo que entendi, eles evitam incluir blogs coletivos, mas vou tentar incluir também o vozes do sul.

dos minimalistas ou qualquer coisa assim








ontem à noite cravei no peito
o punhal que cuidadosamente preparei durante longos meses.
vamos ver no que dá.



Tuesday, March 20, 2007

too good not to share

ou... bom demais pra não compartilhar.









kxcd - a webcomic of romance, sarcasm, math and language.
via the physics of sex

Sunday, March 18, 2007

desafiando a relatividade dos tempos

pois é. então neste momento voltamos para antes, para o mais tarde, sei lá, para tempo algum.

mas é que ultimamente têm passado muitos dias* e quero retomar aquele relato de curitiba. eu esperava incluir aqui algumas das fotos que fiz lá, só que meu computador resolveu não aceitar mais o driver da máquina e está demorando tanto pra resolver que nem sei. acho que meu computer está mesmo com os dias contados e qualquer hora ainda morre de falência múltipla de órgãos...devem faltar bem poucos.

portanto, vai o relato sem as fotos mesmo. vão vocês, transeuntes que porventura (ou por desventura) passarem por aqui, ilustrando aí como bem entenderem.

o interessante é que curitiba segue uma cidade cuidadosa e atenta aos detalhes. todo mundo lá trabalha ou quer trabalhar muito e sempre. mas tudo parece ter um timming peculiar. ninguém tem muita pressa em terminar de trabalhar.

o olho do niemeyer continua curiosamente belo e assustador. além do magnífico acervo, tinha ainda exposição arte de cuba, entre outras. tinha também mostra mundial do world press photos no unicemp. e tantas outras coisas, tantas.

é claro que não fui a nada. estava ocupadíssima em me perder pela cidade em busca sabe-se-lá-do-que. uma pena ser tão imprecisa minha capacidade para seguir as precisas indicações do pessoal camarada da acolhedora livraria do chain e da editora da ufpr. segui as placas por um tempo depois esqueci das placas e segui a intuição. acabei conhecendo o seu raimundo (deveria ter foto dele aqui, quem sabe um dia) que, sorridente, jardinava o parque tanguá. tomei uma ceva no largo da ordem e conheci dona maura num banco do passeio público. dona maura reclama da prefeitura, do calor e diz que não gosta de tirar retrato. eu também, dona maura, eu também. de mim! quanto a tirar retrato dos outros, eu adoro.

como diria fernando sabino, viver devagar é que é bom... portanto, viver curitibanamente (exceto no trânsito, onde todos correm muito muito muito, stress total) é que é bom, devagar, apreciando a paisagem, sem pressa de chegar, ou melhor, na verdade chegar ao caminhar, valorizando o detalhe, a arte - ou ao menos os toques artísticos da cidade. dá até uma puta saudade da porto alegre de outrora... (falta muito pra chegar dezembro de 2008?)

pois foi assim que vivi e senti curitiba desta vez, provavelmente de maneira tão diferente das anteriores quanto das que ainda hão de vir. agora por um momento percebo que se antes não percebi tanta beleza por lá deve ter sido por mero reflexo de minhas chatices e implicâncias.

qualquer hora falo do saldo literário da viagem... começou com a arte de escrever, do schopenhauer, que comprei no aeroporto. não sei porque tenho a estranha mania de comprar livros em aeroportos e rodoviárias. foi assim que certa vez fui apresentada a mario vargas llosa, numa rodoviária imunda no trajeto entre viçosa, no interior de minas, e o rio de janeiro. não me perguntem o que vargas llosa fazia por lá entre romances policiais, agatha christies e livrinhos tipo sabrina. parecia até um quadro do salvador dali. confesso que fiquei com pena de desmanchá-lo, mas não resisti.


* parafraseando rubem braga. o original dele é "ultimamente têm passado muitos anos".

Friday, March 16, 2007

ad busters' spoof ads



































































Estes são alguns dos anúncios da revista canadense ad busters, cuja campanha faz uma espécie de paródia satírica de anúncios famosos de grandes marcas. achei interessante a maneira divertida como, desta forma, eles chamam atenção tanto ao uso da propaganda para fazer a mente das pessoas com valores capitalistas, bem como no sentido de despertar pessoas a livrarem-se dos mesmos, promovendo alguma forma de tomada de consciência através de sua séria brincadeira. para ver mais anúncios, vai aqui.


These are some of the ad busters' spoof ads.. ad busters is a canadian magazine that makes these visual parodies on famous ads of (in)famous trade marks. it is interesting how they call up attention to how propaganda is used to make up minds about capitalist values and how to get rid of them, encouraging some sort of awareness through their serious jokes. you can see more anti-ads here.

Tuesday, March 13, 2007

at night, i would...










at night
i would walk
streets with strange names:
street of the innocents,
street of the sleeping pig,
discharge street.
for hours, i would watch trucks
and listen
as they went over bridges
like bows
across violin strings.

andré de korvin - a poetic justic

bush jr. in latin america



















illustration: alex falco - jornal juventud rebelde, diário de la juventud cubana

Monday, March 12, 2007

no words needed series ou da série dispensa comentários















ruas iraquianas - iraqi streets

via neo-resistance

claricear é bom e preciso...











image: clarice lispector


"não se pode fazer arte só porque se tem um temperamento infeliz e doidinho."
clarice lispector - em carta a fernando sabino, de 19 de junho de 1946.

"one cannot do art only because of their unhappy and crazy temperament."
excerpt of clarice lispector's letter to fernando sabino (both brazilian writers), in june 19th, 1946*.

Saturday, March 10, 2007

afinidades III / affinities III
















às vezes também duro muito pouco.
na verdade tem vezes em que nem existo, e se existo é apenas furtivamente. só existo pra quem não me conhece muito bem.


sometimes i also last quite shortly.
actually there are times i don't even exist, and if i do it is just furtively. i only exist to the ones who don't know me very well.

Friday, March 09, 2007

feliz dia internacional das hipocrisias





















ben heine cartoons
a poetic justice

ecos do abandono

uma tristeza imensa me levou a curitiba por uns dias, mas a tam me trouxe de volta rapidinho. estive por lá desde domingo, e só na terça pude perceber cores e pessoas na cidade.

isso de blogar é mesmo gostosinho e doidinho que chega a dar saudade. saí a visitar amigos, editoras e livrarias e acabei não resistindo a um cyber-boteco. uma pena o blogger estar dando tilt bem na hora e me impedir de matar a saudade. e, como desgraça pouca é bobagem, ao chegar em casa na quarta-feira meus dois HDs pifaram total e completamente... horror horror! perdi pouco mais de 200GB (isso mesmo, gigabites!) de informações, entre textos, mp3, imagens e videos e tudo mais - sem comentários.

de qualquer forma, pode ser um pouco assustadora mas bem interessante uma reflexão sobre essa dependência tecnológica toda e a coisa de uma certa sensação de identidade perdida e tal.. como diria levi-strauss, mais uma coisa boa de se pensar...

ainda quero escrever mais aqui sobre curitiba, mais tarde talvez. e passado o susto da perda total, tendo a voltar a atualizar isso aqui com mais regularidade. ainda que aquela irregular regularidade de sempre.

Saturday, March 03, 2007

as estações na cidade

















resultado de um trabalho diário de dois meses de criação e concepção coletiva de um espetáculo teatral, as estações na cidade são quatro narrativas sobre a relação de homens e mulheres com a cidade, sob a influência das quatro estações do ano.

o texto foi escrito pelo fabrício silva (salve cabeça!), sendo a co-autoria dramática de beatriz ferreira.

a peça é um monólogo encenado e coordenado pelo ator-criador moiséz vasconcellos, natural de satolep, atualmente residindo em são paulo.

a música foi criada pelo músico e compositor pelotense celso krause - um verdadeiro jazzman, quem não conhece o trabalho dele, precisa conhecer!

mas, vamos ao espetáculo..

o cenário é muito peculiar, pois configura-se numa caixa retangular para apenas 96 espectadores. a caixa, coberta por um tecido branco, recebe imagens de um projetor multimídia, que vazam sobre o espaço cênico e funcionam, ao mesmo tempo, como única fonte de luz para a peça.

esta concepção de cenografia e iluminação foi criada pelo artista uruguaio waldo leon, como resultado de um processo de pesquisa em imagens e luz.

o projeto as estações na cidade é fruto de uma experimentação, além da pesquisa em imagens, de um processo colaborativo de trabalho onde não há diretor, e sim diretores criadores de todo o processo.

segundo o fabrício, a obra não está acabada, mas pretende-se que seja o início de uma pesquisa e experimentação cênica, musical, visual e dramática. ou seja, o resultado do trabalho até aqui é apenas um primeiro exercício...

o espetáculo as estações na cidade fica em cartaz até o dia 11 de março, de quinta a domingo, às 21 horas, na sala antônio caringi do grande hotel - praça coronel pedro osório, 51, satolep, rio grande do sul, brasil..

Friday, March 02, 2007

miniconto - 31

São 18 horas. Abancado na cadeira de pedra do Aquário, tomo um café enquanto meu olhar perdido observa os que passam. Toda vez que sento aqui é a mesma coisa, como passa gente esquisita por esta calçada. Sempre tenho a impressão de que algumas pessoas existem apenas para passar por aqui, suas existências começam na rua XV e terminam junto com o fim desta calçada, na rua Sete, ou vice-versa. A mulher de camisa rosa-maravilha com gola e punhos brancos, calça jeans com costura retorcida, botas brancas e fita roxa nos cabelos. O velho baixote com o dedo enfiado no nariz e olhar de quem não quer saber. A criança que passa me olhando, sendo puxada pela mão firme e distraída da mãe que observa pessoas e vitrines. A moça toda arrumada e maquiada, nem ao menos um fio de cabelo fora de lugar, tão perfeita, tão feia, tão plástica. O vendedor de loterias com gestos e olhares iguais aos que fazia há trinta anos. A velha mendiga com uma lata enferrujada na mão, mastigando uma bagana amarelada no canto da boca, traz um saco cinza nas costas. O vendedor ajeita os cadernos do jornal de domingo que já estão chegando, mais um homem pergunta e ele responde, não, ainda não chegaram todos os cadernos, daqui a meia hora. Os carros fazem a curva devagar, alguns passam sérios com ar de concentração, talvez pressa, sem olhar, outros não se importam em ser vistos com os olhos dentro do Café, a buscar alguéns no balcão, nas mesas. Tudo isso é ilusão ou existe mesmo? Esta cidade, esta gente... aí volta aquela sensação de irrealidade que me invade sempre nesta parte do raciocínio, uma náusea a acompanha, dá vontade de gritar, socorro, alguém aqui sabe me dizer o que está acontecendo. Mas não, fico mudo, controlando o olhar, as mãos fazendo gestos automáticos, sem mais procurar respostas para estas e outras perguntas que já nem me faço. Tiro a carteira do bolso da calça, verifico a conta, sigo até o balcão. Junto com o dinheiro, entrego à moça do caixa todos estes pensamentos. Ela só me alcança o troco, sem me ver, os olhos já atendem outro cliente. Sigo vazio até a porta e quando a ultrapasso já não sou mais aquele do Café. Outros pensamentos, minha vidinha miúda outra vez. A conta do banco, a prova de história da arte, aquela menina que não telefona, o filme que saiu de cartaz antes que eu pudesse assistir, o livro que vou agora comprar ali na feira...

miniconto 31, de outubro de 2003. agora revisto e encurtado.